16 março 2010
Passagem das Horas
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(…)
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco.
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
(…)
Poder rir, rir, rir despejadamente,
Rir como um copo entornado,
Absolutamente doido só por sentir,
Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
Ferido na boca por morder coisas,
Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.
Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.
(…)
Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
Não me subordino senão por atavisnio,
E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.
(…)
Fui educado pela Imaginação,
Viajei pela mão dela sempre,
Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
E todos os dias têm essa janela por diante,
E todas as horas parecem minhas dessa maneira.
Álvaro de Campos, 22-5-1916
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(…)
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco.
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
(…)
Poder rir, rir, rir despejadamente,
Rir como um copo entornado,
Absolutamente doido só por sentir,
Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
Ferido na boca por morder coisas,
Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.
Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.
(…)
Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
Não me subordino senão por atavisnio,
E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.
(…)
Fui educado pela Imaginação,
Viajei pela mão dela sempre,
Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
E todos os dias têm essa janela por diante,
E todas as horas parecem minhas dessa maneira.
Álvaro de Campos, 22-5-1916
13 março 2010
Provei-o!
Desta vez foi a Mónica a parceira de aventuras! Graças a ela, ficamos a dormir num Hostel em pleno Red Light District. Suponho que o melhor sítio onde poderíamos ter ficado... Entre outras coisas deliciámo-nos a seguir um grupo de empresários portugueses para clandestinamente podermos ouvir todos os seus comentários: "Esta noite já nem vou dormir ao hotel", "Acho que nos vamos perder todos aqui!".
Foi também o melhor lugar para, pela primeira vez, entrar numa Coffee Shop e comprar o desejado Muffin! Delicioso, diga-se. De sabor a laranja. Um bolo absolutamente normal, que comíamos enquanto assistíamos ao jogo Arsenal-Porto, mas que quase duas horas depois da sua ingestão provocou efeitos de alguma alienação social, entre outros mais e menos bons... Ainda assim valeu alguns momentos de risota, e algumas dissertações sobre o sistema digestivo!
A minha última visita (anunciada) partiu hoje e leva óptimas recordações! À la prochaine Monique Motard ;)
09 março 2010
28 fevereiro 2010
Casa ainda mais cheia!
E eu começo a perceber que gosto mesmo disto! De ter a casa cheia de gente, de barulho, de serões a rir e a conversar, de ter sempre muita comida na mesa. E são estes os únicos dias em que eu faço refeições decentes, e a horas decentes, porque isto de morar sem os pais não combina com disciplina! Chego a sentir-me uma mamã quando estou a encher o carrinho das compras em quantidades familiares, e quando dedico um dia inteiro a limpar a casa...
Nestes três dias bem passados foi pena a chuva, que só nos largou no último dia, que por sorte combinou com o melhor destino: Bruges! Entretanto, e sem grande destaque, Luxemburgo merece também um checked no meu mapa.
15 fevereiro 2010
Casa cheia!

Que alegria ter tido aqui o Nelson e a Mariana por 4 dias!
Esta casa esteve sempre cheia de vida, de truques de magia, de comida na mesa, de festas do pijama, de asneiradas maioritariamente produzidas por Nelson Ribeiro. No entanto, o facto de ter estado tão cheia de algo, faz com que pareça agora mais vazia...
Mas aquela nostalgia que fica sempre depois que algém se vai será rapidamente compensada pela chegada breve da Mila e da Selma! E pela minha partida hoje para Colónia onde vou celebrar o Carnaval!!!
Até terça ;)
21 janeiro 2010
Lua Adversa
Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles, in 'Vaga Música'
Ouvi-o hoje, por acaso, numa das novelas da tarde. E gostei.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles, in 'Vaga Música'
Ouvi-o hoje, por acaso, numa das novelas da tarde. E gostei.
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